Não. Beijemo-nos, apenas,
Nesta agonia da tarde.
Guarda
Para um momento melhor
Teu viril corpo trigueiro.
O meu desejo não arde;
E a convivência contigo
Modificou-me - sou outro...
A névoa da noite cai.
Já mal distingo a cor fulva
Dosa teus cabelos - És lindo!
A morte,
devia ser
Uma vaga fantasia!
Dá-me o teu braço: - não ponhas
Esse desmaio na voz.
Sim, beijemo-nos apenas,
Que mais precisamos nós?
António Botto (1897-1959)
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