EM AUDIÇÃO

CHOPIN - NOCTURNE IN B FLAT MINOR OP.9 Nº1

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

TEU CORPO SEJA BRASA



Teu corpo seja brasa
e o meu a casa
que se consome no fogo
um incêndio basta
pra consumar esse jogo
uma fogueira chega
pra eu brincar de novo
Minha boca
É pouca
Minha língua
Pequena
Para o desejo que anda à solta
Intenso
Enorme
Húmido
E entre as tuas pernas
Me afogo
Delicio
E danço ao som
Dos teus gemidos


Alice Ruiz

PRIMEIRO FORAM OS DEDOS



Primeiro foram os dedos
que travaram conhecimento.
Depois os olhos pousaram-me
na mão e levaram-na a percorrer
a curva da cintura. E a sua boca
procurou a minha boca
sem sobressaltos e deixou-a depois
para percorrer o meu corpo.

É assim a descoberta do poeta,
apesar de tudo se passar na sua cabeça,
dando origem a mais um poema.

Maria Carlos Loureiro

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

DESPERTA-ME DE NOITE



Desperta-me de noite
O teu desejo
Na vaga dos teus dedos
Com que vergas
O sono em que me deito

É rede a tua lingua
Em sua teia
É vicio as palavras
Com que falas

A trégua
A entrega
O disfarce

E lembras os meus ombros
Docemente
Na dobra do lençol que desfazes

Desperta-me de noite
Com o teu corpo
Tiras-me do sono
Onde resvalo

E eu pouco a pouco
Vou repelindo a noite
E tu dentro de mim
Vais descobrindo vales

Maria Tereza Horta

SE TU QUISESSES VER-ME


Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

Florbela Espanca

sábado, 20 de janeiro de 2007

TEUS QUERIDOS PÉS



Teus queridos pés me fazem sofrer
teu grande pescoço e sua nuca inteligente
tuas orelhas
Todo teu maldito corpo
Todos seus gestos malditos e teus papéis
teu lenço desesperado e enorme
todo rasgado e perdido

Teus queridos pés que não amo
que foram embora de mim.

Irene Gruss
Traducão de Santiago Kovadloff

TEU CORPO É AGOSTO


Teu corpo é Agosto

Tu cheiras a verão
por baixo das veias

Tu cheiras a quente

Tu cheiras à febre
do sangue maduro

Teu ventre de orgia
teu cheiro a sodoma
aroma-mulher

Teu corpo de Agosto
tem cheiro a Setembro.

Manuela Amaral
"Amor no feminino"
Editora Fora do Texto, 1997

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

O INSECTO



Das tuas ancas aos teus pés
quero fazer uma longa viagem.

Sou mais pequeno que um insecto.
Percorro estas colinas,
são da cor da aveia,
têm trilhos estreitos
que só eu conheço,
centimetros queimados,
pálidas perspectivas.

Há aqui um monte.
Nunca dele sairei.
Oh que musgo gigante!
E uma cratera, uma rosa
de fogo humedecido!

Pelas tuas pernas desço
tecendo uma espiral
ou adormecendo na viagem
e alcanço os teus joelhos
duma dureza redonda
como os ásperos cumes
dum claro continente.

Para teus pés resvalo
para as oito aberturas
dos teus dedos agudos,
lentos, peninsulares,
e deles para o vazio
do lençol branco caio,
procurando cego
e faminto teu contorno
de vaso escaldante!

Pablo Neruda

DESESPERO



Não eram meus os olhos que te olharam
Nem este corpo exausto que despi
Nem os lábios sedentos que poisaram
No mais secreto do que existe em ti.

Não eram meus os dedos que tocaram
Tua falsa beleza, em que não vi
Mais que os vícios que um dia me geraram
E me perseguem desde que nasci.

Não fui eu que te quis. E não sou eu
Que hoje te aspiro e embalo e gemo e canto,
Possesso desta raiva que me deu

A grande solidão que de ti espero.
A voz com que te chamo é o desencanto
E o espermen que te dou, o desespero

José Carlos Ary dos Santos

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

CANTIGA DE AMIGO

Cantiga de Amigo

Nem um poema nem um verso nem um canto
tudo raso de ausência tudo liso de espanto
e nem Camões Virgílio Shelley Dante
--- o meu amigo está longe
e a distância é bastante.

Nem um som nem um grito nem um ai
tudo calado todos sem mãe nem pai
Ah não Camões Virgílio Shelley Dante!

---o meu amigo está longe
e a tristeza é bastante.
.
Nada a não ser este silêncio tenso
que faz do amor sozinho o amor imenso.
Calai Camões Virgílio Shelley Dante:
o meu amigo está longe
e a saudade é bastante!


José carlos Ary dos Santos

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

SOBRE OUTROS LÁBIOS



Eu crescia para o Verão.
Para a água
antiquíssima da cal
Crescia violento e nu.

Podiam ver-me crescer
rente ao vento,
podiam ver-me em flor
exasperado e puro.

À beira do silêncio,
eu crescia para o ardor
calcinado dos cardos
e da sede.

Morre-se agora
entre contínuas chuvas,
os lábios só lembrados
de um Verão sobre outros lábios.

Eugénio de Andrade

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

PRAIA DO PARAÍSO


Era a primeira vez que nus os nossos corpos
Apesar da penumbra à vontade se olhavam
Surpresos de saber que tinham tantos olhos
Que podiam ser de luz tantos candelabros
Era a primeira vez cerrados os estores
Só o rumor do mar permanecera em casa
E sabias a sal, e cheiravas a limos
Que tivesses ouvido o canto das cigarras
Havia mais que céu no céu do teu sorriso
Madrugada de tudo em que sonhavas
Em teus braços tocar era tocar os ramos
Que estremecem ao sol desde que o mundo é mundo
É preciso afinal chegar aos cinquenta anos
Para se ver que aos vinte é que se teve tudo

David Mourão Ferreira

domingo, 14 de janeiro de 2007

SONETO DO PRAZER MAIOR



Amar dentro do peito uma donzela;
Jurar-lhe pelos céus a fé mais pura;
Falar-lhe, conseguindo alta ventura,
Depois da meia-noite na janela:

Fazê-la vir abaixo, e com cautela
Sentir abrir a porta, que murmura;
Entrar pé ante pé, e com ternura
Apertá-la nos braços casta e bela:
.
Beijar-lhe os vergonhosos, lindos olhos,
E a boca, com prazer o mais jucundo,
Apalpar-lhe de leve os dois pimpolhos:

Vê-la rendida enfim a Amor fecundo;
Ditoso levantar-lhe os brancos folhos;
É este o maior gosto que há no mundo.

Bocage

sábado, 13 de janeiro de 2007

VEM E LAVRA-ME

Fecho os olhos e consigo
lembrar o que fiz contigo:
foi AMOR como não há!
...Mas no meio desta insónia
nua e sem cerimónia
acaricio-me já...

Mas falta-me a tua mão
os teus lábios, o escaldão
da tua língua macia...
Percorre-me com teu tacto,
põe-me de gatas no acto
que mais libera a magia

Corre para a minha beira!
Lavra-me! Eu sou a leira
que ressequida reclama...
Vem e faz-me amor sem rede,
Vem e mata a minha sede,
à redea solta, na cama!

Teresa Machado

LETTERA AMOROSA

Respiro o teu corpo:
sabe a lua-de-água
ao amanhecer,
sabe a cal molhada,
sabe a luz mordida,
sabe a brisa nua,
ao sangue dos rios,
sabe a rosa louca,
ao cair da noite
sabe a pedra amarga,
sabe à minha boca.
.
Eugénio de Andrade

O NADADOR


O que me encanta é a linha alada
das tuas espáduas, e a curva
que descreves, passáro da água!

É a tua fina, ágil cintura,
e esse adeus da tua garganta
para cemitérios de espuma!

É a despedida, que me encanta,
quando te desprendes ao vento,
fiel à queda, rápida e branda

E apenas por estar prevendo,
longe, na eternidade da água,
sobreviver teu movimento...

Cecília Meireles

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

I'M YOUR MAN


If you want a lover
I'll do anything you ask me to
And if you want another kind of love
I'll wear a mask for you
If you want a partner
Take my hand
Or if you want to strike me down in anger
Here I stand
I'm your man

If you want a boxer
I will step into the ring for you
And if you want a doctor
I'll examine every inch of you
If you want a driver
Climb inside
Or if you want to take me for a ride
You know you can
I'm your man

Ah, the moon's too bright
The chain's too tight
The beast won't go to sleep
I've been running through these promises to you
That I made and I could not keep
Ah but a man never got a woman back
Not by begging on his knees
Or I'd crawl to you baby
And I'd fall at your feet
And I'd howl at your beauty
Like a dog in heat
And I'd claw at your heart
And I'd tear at your sheet
I'd say please, please
I'm your man

And if you've got to sleep
A moment on the road
I will steer for you
And if you want to work the street alone
I'll disappear for you
If you want a father for your child
Or only want to walk with me a while
Across the sand
I'm your man

If you want a lover
I'll do anything you ask me to
And if you want another kind of love
I'll wear a mask for you
.
Leonard Cohen
Imagem: J.P. Sousa

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

POEMA DA AMANTE


Eu te amo
Antes e depois de todos os acontecimentos
Na profunda imensidade do vazio
E a cada lágrima dos meus pensamentos.

Eu te amo
Em todos os ventos que cantam,
Em todas as sombras que choram,
Na extensão infinita do tempo
Até a região onde os silêncios moram.

Eu te amo
Em todas as transformações da vida,
Em todos os caminhos do medo,
Na angústia da vontade perdida
E na dor que se veste em segredo.

Eu te amo
Em tudo que estás presente,
No olhar dos astros que te alcançam
Em tudo que ainda estás ausente.

Eu te amo
Desde a criação das águas,
desde a idéia do fogo
E antes do primeiro riso e da primeira mágoa.

Eu te amo perdidamente
Desde a grande nebulosa
Até depois que o universo cair sobre mim
Suavemente.

Adalgisa Néri

DESEJO AINDA MAIS...


Desejo ainda mais e mais beijos, espasmos
de corpos atados, ainda mais levemente marchemos
através do bosque, sonhando
que tudo é de outra maneira
mais matizes no tilintar das imagens que criamos
- de madrugada tive sonhos turvos, sobre a força
a potência, a renúncia da vida
me levantei, me aproximei mareado de facas
olhei-as demoradamente, vazio, espremido
depois me sentei, pensava no irreal
quis me afundar ainda mais
e mais na eterna delícia da entrega, na pele
no mirar cálido dos olhos, na carícia
rompi uma larga lista de meios
para o assalto, para a luta, para a defensa
vertia água e bebia, lentamente
largamente, como desde aqui até lá.

Brane Mozetič, Lituânia
Tradução: Narlan Matos

MUITO TARDE...


Muito tarde da noite quando tu não sabes, eu
deslizo-me ao quarto, aproximo-me em silêncio
e observo o teu rosto à luz da vela,
como um feiticeiro coloco as minhas mãos em cima de ti
quando não sabes, não sentes, não podes
me rechaçar, deito-me, junto a ti,
suavemente para não te acordar
nesses momentos eu penso, ditoso,
que ainda não há perguntas, nem dúvidas
que como um rio serpenteamos através do tempo
enlaçados, que nas profundezas
ainda há peixes, e nas poças
umas mãos, uma boca bebem com paixão
lentamente, seriamente, como um ritual.

Brane Mozetič, Lituânia
Tradução: Jasmina Markič

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

NA GEOMETRIA DAS TUAS NÁDEGAS


Na geometria das tuas nádegas
minhas unhas aprendem o ritmo
da arquitectura natural da curva.
Deslizo nelas meu júbilo.
Quem inventou a magia desse lado?
E a quem cabe extinguir as nádegas
se nelas há a geometria do mundo
o homem busca os tons da parábola
e a mulher não ignora esse destino?

De nádegas o que o homem aprende
é estar nelas onde elas sabemj
ungi-lo no que são:
amuleto nos olhos
liturgia das mãos
ou estar-lhes em cima.
José Craveirinha, 1922-2003, Moçambique

CORPO

É pêssego
Tangerina
E é limão

Tem sabor a damasco
e a alperce

Toma o gosto da canela
de manhã
e à noite a framboesa que se despe

De maçã guarda o pecado
e a sedução

Do mel
o açúcar que reveste

Do licor
a febre que no seu rasgão
me invade me inunda e me apetece

Mergulho depressa a minha boca
e bebo a sede
que em mim já cresce

Delírio que me enche
de prazer
tomando o ponto num lume que humedece

Devagar mexo sem tino
as minhas mãos

Provando de ti
o que de ti viesse

O anis do esperma
o doce odor do pão
que o teu corpo espalha e enlouquece

Maria Teresa Horta

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

SE EU PUDESSE


poema confiado à memória de Nora Mitrani

Se eu pudesse dizer-te: - Senta aqui
nos meus joelhos, deixa-me alisar-te,
ó amável bichinho, o pêlo fino;
depois, a contra-pêlo, provocar-te!
Se eu pudesse juntar no mesmo fio
(infinito colar!) cada arrepio
que aos viajeiros comprazidos dedos
fizesse descobrir novos enredos!
Se eu pudesse fechar-te nesta mão,
tecedeira fiel de tantas linhas,
de tanto enredo imaginário, vão,
e incitar alguém: - Vê se adivinhas...
Então um fértil jogo amor seria.
Não este descerrar a mão vazia!


Alexandre O'Neill, 1924-1986

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

ANDA VEM...

Anda vem..., porque te negas,
Carne morena, toda perfume?
Porque te calas,
Porque esmoreces,
Boca vermelha --- rosa de lume?

Se a luz do dia
Te cobre de pejo,
Esperemos a noite presos num beijo.

Dá-me o infinito gozo
De contigo adormecer
Devagarinho, sentindo
O aroma e o calor
Da tua carne, meu amor!

E ouve, mancebo alado:
Entrega-te, sê contente!
--- Nem todo o prazer
Tem vileza ou tem pecado!

Anda, vem!... Dá-me o teu corpo
Em troca dos meus desejos...
Tenho saudades da vida!
Tenho sede dos teus beijos!

António Botto

sábado, 6 de janeiro de 2007

MASTURBAÇÃO


Eis o centro do corpo
o nosso centro
onde os dedos escorregam devagar
e logo tornam onde nesse
centro
os dedos esfregam - correm
e voltam sem cessar

e então são os meus
já os teus dedos

e são meus dedos
já a tua boca

que vai sorvendo os lábios
dessa boca
que manipulo - conduzo
pensando em tua boca

Ardência funda
planta em movimento
que trepa e fende fundidas
já no tempo
calando o grito nos pulmões da tarde

E todo o corpo
é esse movimento
que trepa e fende fundidas
já no tempo
calando o grito nos pulmões da tarde

E todo o corpo
é esse movimento
em torno
em volta
no centro desses lábios

que a febre toma
engrossa
e vai cedendo a pouco e pouco
nos dedos e na palma
Maria Tereza Horta

BEIJEMO-NOS APENAS


Não. Beijemo-nos, apenas,
Nesta agonia da tarde.

Guarda
Para um momento melhor
Teu viril corpo trigueiro.

O meu desejo não arde;
E a convivência contigo
Modificou-me - sou outro...
A névoa da noite cai.

Já mal distingo a cor fulva
Dosa teus cabelos - És lindo!

A morte,
devia ser
Uma vaga fantasia!

Dá-me o teu braço: - não ponhas
Esse desmaio na voz.

Sim, beijemo-nos apenas,
Que mais precisamos nós?

António Botto (1897-1959)

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

QUE ME VENHA ESSE HOMEM


Que me venha esse homem
depois de alguma chuva
que me prenda de tarde
em sua teia de veludo
que me fira com os olhos
e me penetre em tudo.

Que me venha esse homem
de músculos exatos
com um desejo agreste
com um cheiro de mato
que me prenda de noite
em sua rede de braços
que me perca em seus fios
de algas e sargaços.

Que me venha com força
com gosto de desbravar
que me faça de mata
pra percorrer devagar
que me faça de rio
pra se deixar naufragar.

Que me salve esse homem
com sua febre de fogo
que me prenda no espaço
de seu passo mais louco.

Bruna Lombardi

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

A UMA MULHER AMADA


Ditosa que ao teu lado só por ti suspiro!
Quem goza o prazer de te escutar,
quem vê, às vezes, teu doce sorriso.
Nem os deuses felizes o podem igualar.

Sinto um fogo subtil correr de veia em veia
por minha carne, ó suave bem-querida,
e no transporte doce que a minha alma enleia
eu sinto asperamente a voz emudecida.

Uma nuvem confusa me enevoa o olhar.
Não ouço mais. Eu caio num langor supremo;
E pálida e perdida e febril e sem ar,
um frémito me abala... eu quase morro ... eu tremo.

Safo

BEIJO


Beijo partido de vidro
incandescente.
De cores escorridas
e pincéis sujos.
Beijo de papel branco
No canto jogado.
Beijo cheio de ausências,
de cortes e dores,
De braços cansados.
Beijo de caminho sem volta, de quarto vazio.
Beijo sem boca, Sem corpo,
sem custo. Beijo no claro e vazio da minha alma
Que se solta...
Calma.
Silvia Brito

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

DO TEU CHEIRO


O gosto da tua pele
sal impregnado em meus lábios
que me mata de sede
à beira da fonte dos teus prazeres.


O teu gosto na minha boca
mel que sacia meus desejos
na hora derradeira
do medo de te perderem meio aos lençóis.


O teu cheiro impregnado
no meu corpo
perfume raro que nem a chuva
leva de mim...


Ademir Antonio Bacca