
Eu crescia para o Verão.
Para a água
antiquíssima da cal
Crescia violento e nu.
Podiam ver-me crescer
rente ao vento,
podiam ver-me em flor
exasperado e puro.
À beira do silêncio,
eu crescia para o ardor
calcinado dos cardos
e da sede.
Morre-se agora
entre contínuas chuvas,
os lábios só lembrados
de um Verão sobre outros lábios.
Eugénio de Andrade
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