
A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda,
rebunda.
Carlos Drummond de Andrade
4 comentários:
...revendo meus comentarios...encontrei te e vim conhecer teu blog...Escreves com uma delicadeza, simplicidade e paixao enorme...Gostei e voltarei...
Beijo suave______Maresia
Ahah nunca tinha lido um poema sobre bundas mas achei super engraçado :-)
Adorei! Parece-me um verdadeiro espelho de dois mundos conjugados num so ser =)
Olha vou deixar-te ainda hoje um desafio lá no blog, mas se já tiveres respondido a algo igual compreendo que não respondas, nã é obrigatório claro
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