EM AUDIÇÃO

CHOPIN - NOCTURNE IN B FLAT MINOR OP.9 Nº1

quinta-feira, 24 de maio de 2007

CÂNTICO




Num impudor de estátua ou de vencida,
coxas abertas, sem defesa… nua
ante a minha vigília, a noite, e a lua,
ela, agora, descansa, adormecida.

Dos seus mamilos roxo-azuis, em ferida,
meu olhar desce aonde o sexo estua.
Choro… e porquê? Meu sonho, irreal, flutua
sobre funduras e confins da vida.

Minhas lágrimas caem-lhe nos peitos…
enquanto o luar a numba, inerte, gasta
da ternura feroz do meu amplexo.

Cantam-me as veias poemas nunca feitos…
e eu pouso a boca, religiosa e casta,
sobre a flor esmagada do seu sexo.

(José Régio)

2 comentários:

Sarracenia purpurea disse...

O poema está espectacular :O
Não conheço a poesia de José Régio...acho que vou tratar disso :)
beijinhos

sentires disse...
Este comentário foi removido pelo autor.